Aeronaves e
máquinas pesadas tem suas manutenções previstas em horas de uso. Nos carros
usa-se quilômetros rodados para isso.
O Fiat Uno tem horímetro no computador de bordo, mas informação não é usada para manutenção (Reprodução/ Fiat) |
Por que a vida
útil do motor é medida em quilômetros e não em tempo? Mesmo em marcha lenta, o
motor está se desgastando, não? – Jonatas Elias, por e-mail
Sim, o motor se
desgasta nessa situação que, por sinal, é ainda mais comum para quem vive no
anda-e-para do trânsito – condição que caracteriza uso severo. No entanto, a
quilometragem é adotada em vez do tempo de rodagem por facilidade na
interpretação da informação.
Normalmente, em
veículos que percorrem longas distâncias a velocidades quase constantes, como
aviões, a informação é dada em horas de uso. No outro extremo, os tratores
trabalham muitas horas percorrendo pouca distância. Sua vida útil também é
medida em horas – no caso, por um instrumento chamado horímetro.
Automóveis estão
entre esses extremos. Percorrem grandes distâncias em relativamente pouco
tempo. Acrescente-se no caso dos automóveis as grandes variações de velocidade
e também de rotações do motor.
Por causa dessa
variedade de condições, convencionou-se medir o uso do motor em função da
distância, como quilômetros ou milhas. É uma forma de facilitar a vida do
motorista: é mais fácil prever quando será uma revisão definida por quilômetros
do que por hora – pelo menos para o consumidor comum, que no máximo recebe
lembretes no computador de bordo.
“Revisão que era aos 12.000 km passou a ser aos 6.000 km”, diz Thally (Lucas Bori) |
Uma forma de
contornar problemas com o motor é ter uma troca de óleo entre revisões em
carros com uso severo. Essa definição aplica-se a carros que enfrentam grandes
engarrafamentos (com velocidade média inferior a 10 km/h), estradas com muita
poeira, barro ou lama, ou quando o veículo roda no máximo 5 km por viagem.
A BMW resolveu
fazer diferente: o momento da revisão de seus carros mais recentes é definido
pelo próprio carro. É a chamada manutenção preditiva, na qual sensores do
veículo analisam o estado de óleo, filtros, microfiltro do ar condicionado,
fluído e pastilhas dos freios. Faz sentido, mas alguns clientes não ficam nada
contentes com isso.
Em agosto de
2014, o sistema variável de revisões da BMW foi assunto do Autodefesa. O prazo
de revisão programada pela concessionária não batia com os alertas do carro: “A
concessionária disse na entrega do carro que a revisão era aos 8.000 km, mas o
computador de bordo mostrava depois que seria a 4.000 km. Nos fóruns do site
BMW Brasil, há relatos de revisão feita aos 3.000 km”, disse Edson Lopes
Gennari, de Santo André (SP).
“Quando recebi
meu BMW, o funcionário afirmou que a primeira revisão seria com 12.000 km, mas
caiu para 9.000 km após eu rodar apenas 880 km. Agora o carro está com 5.000 km
e o computador avisa que será aos 6.800 km”, contou Diogo Chagas, de Campos dos
Goytacazes (RJ).
O americano
Richard Thally, que mora no Rio de Janeiro, também reclama que sua primeira
revisão foi reduzida pela metade. “Quando comprei o 320i, avisaram que seria
aos 12.000 km. Agora que ele está com 2.600 km, a revisão será aos 6.000 km”,
diz.
Neste sistema, a
chave do veículo carrega informações fornecidas pelos módulos eletrônicos do
carro. “O plano de cada revisão é feito no momento de acionamento do veículo”,
diz a BMW. O consultor da concessionária analisa os dados e a revisão passa a
contemplar apenas itens relatados pelo veículo. Se por um lado evita-se trocas
desnecessárias, por outro as visitas nas concessionárias podem tornar-se mais
recorrentes.
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