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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Por que a vida útil do motor é medida em quilômetros e não horas?

Aeronaves e máquinas pesadas tem suas manutenções previstas em horas de uso. Nos carros usa-se quilômetros rodados para isso.

O Fiat Uno tem horímetro no computador de bordo, mas informação não é usada para manutenção (Reprodução/ Fiat)

Por que a vida útil do motor é medida em quilômetros e não em tempo? Mesmo em marcha lenta, o motor está se desgastando, não? Jonatas Elias, por e-mail

Sim, o motor se desgasta nessa situação que, por sinal, é ainda mais comum para quem vive no anda-e-para do trânsito – condição que caracteriza uso severo. No entanto, a quilometragem é adotada em vez do tempo de rodagem por facilidade na interpretação da informação.

Normalmente, em veículos que percorrem longas distâncias a velocidades quase constantes, como aviões, a informação é dada em horas de uso. No outro extremo, os tratores trabalham muitas horas percorrendo pouca distância. Sua vida útil também é medida em horas – no caso, por um instrumento chamado horímetro.

Automóveis estão entre esses extremos. Percorrem grandes distâncias em relativamente pouco tempo. Acrescente-se no caso dos automóveis as grandes variações de velocidade e também de rotações do motor.

Por causa dessa variedade de condições, convencionou-se medir o uso do motor em função da distância, como quilômetros ou milhas. É uma forma de facilitar a vida do motorista: é mais fácil prever quando será uma revisão definida por quilômetros do que por hora – pelo menos para o consumidor comum, que no máximo recebe lembretes no computador de bordo.

“Revisão que era aos 12.000 km passou a ser aos 6.000 km”, diz Thally (Lucas Bori)

Uma forma de contornar problemas com o motor é ter uma troca de óleo entre revisões em carros com uso severo. Essa definição aplica-se a carros que enfrentam grandes engarrafamentos (com velocidade média inferior a 10 km/h), estradas com muita poeira, barro ou lama, ou quando o veículo roda no máximo 5 km por viagem.

A BMW resolveu fazer diferente: o momento da revisão de seus carros mais recentes é definido pelo próprio carro. É a chamada manutenção preditiva, na qual sensores do veículo analisam o estado de óleo, filtros, microfiltro do ar condicionado, fluído e pastilhas dos freios. Faz sentido, mas alguns clientes não ficam nada contentes com isso.

Em agosto de 2014, o sistema variável de revisões da BMW foi assunto do Autodefesa. O prazo de revisão programada pela concessionária não batia com os alertas do carro: “A concessionária disse na entrega do carro que a revisão era aos 8.000 km, mas o computador de bordo mostrava depois que seria a 4.000 km. Nos fóruns do site BMW Brasil, há relatos de revisão feita aos 3.000 km”, disse Edson Lopes Gennari, de Santo André (SP).

“Quando recebi meu BMW, o funcionário afirmou que a primeira revisão seria com 12.000 km, mas caiu para 9.000 km após eu rodar apenas 880 km. Agora o carro está com 5.000 km e o computador avisa que será aos 6.800 km”, contou Diogo Chagas, de Campos dos Goytacazes (RJ).

O americano Richard Thally, que mora no Rio de Janeiro, também reclama que sua primeira revisão foi reduzida pela metade. “Quando comprei o 320i, avisaram que seria aos 12.000 km. Agora que ele está com 2.600 km, a revisão será aos 6.000 km”, diz.


Neste sistema, a chave do veículo carrega informações fornecidas pelos módulos eletrônicos do carro. “O plano de cada revisão é feito no momento de acionamento do veículo”, diz a BMW. O consultor da concessionária analisa os dados e a revisão passa a contemplar apenas itens relatados pelo veículo. Se por um lado evita-se trocas desnecessárias, por outro as visitas nas concessionárias podem tornar-se mais recorrentes.

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