Derivado do Uno,
o pequeno Prêmio era pródigo na hora de acomodar a tralha
Até as colunas centrais, o Prêmio era igual ao Uno (Christian Castanho) |
Lançado em 1985,
o Fiat Prêmio fez mais que abrir caminho para o fim do Oggi. Se por fora
copiava o desenho do Uno até as colunas centrais, sob o capô trazia um inédito
motor 1.5 de 71,4 cv, potência próxima demais à do Uno SX, versão mais
esportiva do hatch.
“Mas, em função
de seu torque bem maior – 12,3 mkgf contra 10,6 mkgf do Uno SX, à mesma rotação
de 3.000 rpm –, oferece bem mais elasticidade e permanente sensação de mais
potência disponível”, disse Claudio Carsughi na estréia do modelo na QUATRO
RODAS, em março de 1985.
A tampa do porta-malas abria até a altura do para-choque (Christian Castanho) |
Fora isso, o
desempenho do Prêmio foi considerado adequado ao segmento, algo positivo
levando-se em conta os cerca de 17% a mais de peso, totalizando 934 kg. Câmbio,
rodas, pneus e a direção também vieram do Uno.
Além do motor
mais forte, espaço, conforto e acabamento eram outras apostas da Fiat para
diferenciá-lo do hatch. Por ser fixo, o encosto do banco traseiro ficou 8 cm
mais largo. O fácil acesso a ele, a qualidade da ventilação e a estabilidade
que, para Carsughi, inspirava “total confiança”, eram outros destaques.
Mesmo na versão duas portas, acesso fácil ao banco traseiro (Christian Castanho) |
Uma edição
depois, o Prêmio CS enfrentava o Voyage Super, este com um novo câmbio de cinco
marchas. No desempenho, os dois tiveram resultados equilibrados. “Quase iguais
na velocidade máxima, em torno de 157 km/h, o Voyage mostrou, contudo, melhores
acelerações (0 a 100 km/h em 14,27 segundos) e o Prêmio, melhores retomadas (40
a 100 km/h em 25,94 segundos). Empate.”
A precisão do
câmbio e da direção, a posição ao volante e o conforto (faltava ao Prêmio
ar-condicionado até como opcional) favoreceram o Voyage. O Fiat se saiu melhor
em nível de ruído, porta-malas e instrumentos.
O interior espaçoso e o painel com desenho racional eram marcas do Fiat Prêmio (Christian Castanho) |
Ao enfrentar o
Ford Escort GL na edição de junho seguinte, o Prêmio superou o adversário em
sete itens, contra três do Ford. Ele foi mais estável, confortável e
silencioso, por exemplo. Começava a ficar claro que nenhum concorrente bateria
os 444 litros que cabiam no seu porta-malas. O estepe ia lá na frente, junto ao
motor.
Para quem
dispensava um pouco de desempenho e acabamento por um preço mais atraente, a
Fiat ofereceu a partir do segundo semestre de 1985 a versão S, com o motor 1.3
de 58,7 cv e câmbio de quatro ou cinco marchas. A máxima não foi além dos 144
km/h. Se o CS ia de 0 a 100 km/h em 15,98 segundos, o Prêmio S precisava de
17,64 segundos.
A pressão dos pneus era indicada no painel, abaixo do conta-giros (Christian Castanho) |
Já para 1986, a
versão 1.5 perdia 64 kg e tinha nova calibragem de motor, o que o deixou mais
esperto. A aceleração foi para 15,15 segundos e a máxima a 160 km/h.
A versão de
quatro portas, chamada CSL, chegou em 1987. Havia também a mesma carroceria com
acabamento S. As maçanetas eram salientes e, opcionalmente, havia
ar-condicionado. Além de trava central elétrica, uma segunda impedia a abertura
por dentro, garantindo a segurança de quem levava crianças atrás. Computador de
bordo era opcional, mas tomava o lugar do conta-giros.
Ainda em 1987, a
Fiat começou a exportar o Prêmio de quatro portas para a Europa, onde se
chamava Duna. Logo se tornou o décimo carro mais vendido da Itália.
O motor 1.5
passaria a 82 cv ainda naquele ano. O Prêmio CS 1.5 1988 a álcool das fotos usa
esse motor. “Por ser 1.5 é um carro ágil, relativamente econômico e até
silencioso”, diz o dono, o paulista Sergio Minervini. “O acabamento é bonito,
gosto dos controles satélites ao alcance da mão ao volante.”
Controles satélite, um clássico dos Fiat dos anos 80 (Christian Castanho) |
O painel
diferenciado do Duna passou a ser adotado no nosso CSL em 1989, assim como
bordas laterais negras, friso unindo as lanternas com elemento fumê, apoios de
cabeça vazados, entre outros. Um ano depois, o motor virava 1.6, com 2 cv a
mais. Os 13,2 mkgf de torque ajudaram o sedã a atingir os 100 km/h em 12,2
segundos.
Após receber
faróis mais baixos em 1991, o Prêmio se manteve sem maiores alterações até
1995. Os últimos lotes do modelo até foram importados da Argentina com o nome
Duna.
Em 1997 chegaria
seu sucessor, o Siena. Oferecido só com quatro portas, tendência que o Prêmio
ajudou a difundir, ele também tinha na capacidade do porta-malas um forte
argumento como carro familiar.
Ficha técnica – Fiat Prêmio CS 1.5 1988
- Motor: a álcool, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 1 499 cm³
- Diâmetro x curso: 86,4 x 63,9 mm
- Taxa de compressão: 11:1
- Potência: 71,4 cv a 5.500 rpm
- Torque: 12,3 mkgf a 3 000 rpm
- Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
- Dimensões: comprimento, 404 cm; largura, 155 cm; altura, 144 cm; entreeixos, 236 cm; peso: 934 kg
- Suspensão: dianteira: independente, McPherson, com molas helicoidais; traseira: independente, com feixe de molas semi-elípticas transversal
- Freios: disco na dianteira e tambor na traseira
- Rodas e pneus: aço, 13 x 4,5, pneus 165/70 SR 13, radiais
Teste QUATRO RODAS – março de 1985
- Aceleração 0 a 100 km/h: 15,77 segundos
- Velocidade máxima: 156,863 km/h
- Frenagem 80 km/h a 0: 31,6 metros
- Consumo: 8,29 km/l (urbano), 12,49 km/l (estrada, 80 km/h, carregado), 13,22 km/l (estrada, 80 km/h, vazio)
- Preço (fevereiro de 1985): Cr$ 30.526.120
- Atualizado (IGP-DI/FGV): R$ 88.463
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