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terça-feira, 11 de abril de 2017

Carro usado cai no gosto do consumidor e vendas já cresceram 8,7% neste ano



Depois de um longo período derrapando nas vendas, os revendedores de veículos seminovos tiram o pé do freio e voltam a respirar mais aliviados. Impulsionada pela liberação das contas inativas do FGTS, a comercialização de carros de segunda mão cresceu 10% em março, na comparação com igual período anterior. No acumulado do ano, a alta foi de 8,7%. A facilidade para “fazer negócio”’ com o carro também aqueceu as vendas do segmento.

Os dados são da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). De acordo com o presidente da entidade, Ilídio dos Santos, a tendência daqui para a frente é a de crescimentos paulatinos nas vendas. “Além da liberação do FGTS, há indícios de que o consumidor está mais confiante”, afirma o executivo.

Ele destaca que a possibilidade de fazer dinheiro com o carro deu um gás nas vendas. “É comum o cliente chegar com um carro mais novo, trocar por um mais antigo, ou mais simples, e levar o restante em dinheiro. Esse recurso é utilizado para quem tem dívidas com cheque especial e cartão de crédito, por exemplo”, diz Santos.

Mudança no perfil

Além disso, o perfil do consumidor mudou com a crise. Segundo avaliação do proprietário da Mais Car, localizada no Padre Eustáquio, e diretor da Associação dos Revendedores de Veículos no Estado de Minas Gerais (Assovemg), Marlon Vieira, atualmente o cliente dá preferência aos veículos seminovos. “Com o valor que o cliente compraria um veículo 1.0, ele pode comprar outro mais potente ou com mais acessórios”, justifica.

Embora o representante da Assovemg ainda não tenha os dados de venda do setor de março, ele ressalta que o mercado está aquecido. Em fevereiro, as vendas em Minas aumentaram 13,5% na comparação com igual mês de 2016. “E março foi ainda melhor. O relatório ainda não ficou pronto, mas o movimento nas lojas foi maior e as vendas certamente cresceram”, diz.

Muitos clientes que no passado compravam apenas carro zero quilômetro hoje optam pelos usados, analisa Vieira. “Pessoas que trocavam de carro de três em três anos, por exemplo, deixaram de ir à concessionária de carros novos. Muitos compram veículos usados”, observa. A depreciação do veículo é o principal motivo. Afinal, ao sair da concessionária um carro perde imediatamente pelo menos 12% no valor de mercado.

Menos gastos

Proprietário da Divino Veículos, José Divino da Silva comenta que além de ser mais barato, o carro de segunda mão também costuma ter algumas despesas mais em conta que um automóvel novo. “O seguro tem um preço menor, o IPVA também”, diz.

Ele comemora aumento de 25% nas vendas da empresa que administra em março. “As vendas no ano passado foram horríveis. Sentimos que o mercado começa a se recuperar”, pondera.

De acordo com dados da Fenauto, veículos com até três anos de uso são os queridinhos de quem compra carro usado. Em fevereiro, foram comercializados 390,4 carros com essa idade. Em março, o número subiu para 499,8 mil, elevação de 28%. “Muitas pessoas querem carros com garantia de fábrica. Por isso, optam pelos mais novos”, comenta.

Os usados com idade entre quatro e oito anos aparecem em segundo lugar na preferência do consumidor. Em março foram vendidos 366,4 mil veículos desse tipo, contra 293,2 mil em fevereiro, alta de 25% no período.

Quanto mais antigo o veículo, maiores são as taxas de juros

Quanto mais antigo o veículo, mais difícil conseguir financiamento junto às instituições bancárias. A afirmação é do presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Ilídio dos Santos. De acordo com ele, com a crise, os bancos restringiram o crédito, dando preferência aos carros que, teoricamente, precisariam de menos manutenção.

“Antes de liberar o financiamento, os bancos checam no sistema o comprometimento do cliente com outros pagamentos. Se a renda estiver muito comprometida e a pessoa quiser levar um carro antigo, que pode precisar de manutenção, o banco não empresta o dinheiro”, afirma o representante da entidade.

Na leitura da instituição bancária, um carro mais antigo poderia necessitar de investimentos. Se o comprador está no limite dos gastos, ele poderia deixar de pagar o financiamento para não ficar novamente a pé.

Juros

As taxas de juros também são mais salgadas para carros que estão há mais tempo no mercado. De acordo com o proprietário da Divino Veículos, José Divino Silva, os juros para carros até 2008 giram entre 2% e 2,5%. Para veículos fabricados a partir de 2009 são de 1,3%, aproximadamente.

Com as taxas mais altas e o aumento de restrições, no ano passado 35% das vendas foram concretizadas com financiamentos, 11% com carta de consórcio e as demais à vista e na modalidade troca com troco, que o cliente deixa um carro melhor na loja, leva um modelo que vale menos e o valor restante em dinheiro. “Há três, quatro anos, 70% das vendas eram a partir de financiamentos”, diz o presidente da Fenauto.

Importados


Enquanto a venda de veículos seminovos tomam fôlego, os importados andam na contramão. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), em março houve queda de 26% contra igual mês de 2016. No acumulado de 2017 ante mesmo período anterior, foi registrado recuo de 38,3%.


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