Criado para
exportação, o "Passat Iraque" rendeu uma interessante versão LSE no
Brasil
Presença forte tanto nas ruas daqui como no Oriente Médio (Christian Castanho/Quatro Rodas) |
São poucos os
países em que algum personagem brasileiro supera a popularidade de Pelé e
Ronaldo Fenômeno. O Iraque é uma dessas exceções. Basta andar nas ruas para
encontrar exemplares de Volkswagen Passat fabricados aqui, já na terceira
idade, em plena labuta.
Entre 1983 e
1988, ano em que nosso Passat saiu de linha, 170.000 unidades da versão LSE
deixaram a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) rumo ao Oriente Médio. O
destino rendeu o apelido “Passat Iraque”. Era uma época em que a VW brasileira
buscava novos mercados, o que também a fez levar o Voyage aos Estados Unidos, sob
o nome de Fox.
A transação do
Iraque tinha um caráter inusitado, já que os carros eram pagos em petróleo,
repassado à Petrobras. Quando esta teve um excedente do produto, sobrou “Passat
Iraque”. A solução? Vendê-lo no Brasil, o que ocorreu a partir de junho de
1986. Com o Santana no topo da linha e a aposentadoria do Fusca no mesmo ano, o
Passat tornou-se o VW de passeio mais antigo em produção.
Lançado em 1974,
o Passat brasileiro ganhou versão de quatro portas para 1975. A LSE 1978, de
Luxo Super Executivo, assumiu o papel de Passat mais luxuoso. Reunia conforto
de quatro portas, motor do esportivo TS, quatro apoios de cabeça e
ar-condicionado opcional. Até a chegada do Santana, em 1984, foi nosso VW mais
sofisticado.
Fastback ou sedã, será que alguém se importava? (Christian Castanho/Quatro Rodas) |
“Sem gastar
quase nada, utilizando apenas componentes de produção normal, a Volkswagen
conseguiu apresentar um sedã executivo que lhe permite lutar por uma faixa de
mercado até então inexplorada por ela”, afirmou Claudio Carsughi na edição de
novembro de 1977 de QUATRO RODAS.
Ele já criticava
imperfeições no acabamento, o que tornaria a ocorrer em testes subsequentes da
versão. Em 1983, o LSE ganhou o sobrenome Paddock. Para 1986, o Passat nacional
adotou o motor AP600 de biela longa e 85 cv, baseado no do Santana.
Mas o “Passat
Iraque” manteve o MD 270 de 72 cv para simplificar o envio de peças de
reposição. O câmbio do modelo de exportação tinha só quatro marchas, uma a
menos que o Passat local. Outras alterações eram o radiador de cobre, pneus
radiais têxteis (de aço daqui), ventilador de 250 W (contra 180 W), chapa de
proteção do motor de série, pára-barro, quatro ganchos de reboque (dois a mais)
e carpete de 10 mm (ou 4 mm extras).
O MD 270 permaneceu para facilitar suprimento de peças (Christian Castanho/Quatro Rodas) |
Ele vinha nas
cores branca, azul ou vermelha, esta com três opções de tom. Fora o azul, que
tinha estofamento cinza, as demais cores traziam bancos vinho, exigência local
à qual nem os Mercedes escapavam.
No teste de
outubro de 1986, o texto afirmava que a rede Volkswagen temia que o Passat LSE
para exportação encalhasse no pátio. Para a surpresa geral, até filas se
formaram. Além do acabamento esmerado, com painel completo, o ar-condicionado,
essencial para a variação climática iraquiana, era um atrativo, apesar de a
motorização ter sido rebaixada e o câmbio ter só quatro marchas.
Revestimento cinza, exclusivo da cor azul: o padrão era vinho (Christian Castanho/Quatro Rodas) |
Conta-giros, luzes-espia, relógio digital e até econômetro (Christian Castanho/Quatro Rodas) |
Além de velas, o
comerciante precisou trocar amortecedores, molas e pneus. O estepe é original.
No Oriente ou no Ocidente, os anos comprovam que, mais que suas comodidades e
vantagens, a maior virtude do “Passat Iraque” era mesmo sua resistência.
http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/grandes-brasileiros-volkswagen-passat-lse/
http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/grandes-brasileiros-volkswagen-passat-lse/
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