Ela indica que você já ultrapassou a faixa de rotação ideal
para o funcionamento do motor. Entenda por que isso acontece
Conta-giros do Mercedes SLS AMG: faixa vermelha só depois dos 7.000 rpm (Marco de Bari) |
Você já deve ter reparado que há uma faixa vermelha no
conta-giros da maioria dos carros. Pode-se dizer que é uma herança dos tempos
dos motores com carburador, pois indicava uma faixa de rotações em que o motor
estaria mais sujeito a fadiga e desgaste prematuro das peças.
Uma das conseqüências seria a chamada “flutuação” das
válvulas, quando as molas não possuem força suficiente para fechar
completamente as válvulas antes que o eixo de comando dê uma volta completa e
as abra novamente. Nesse caso, molas, válvulas e comando seriam danificados,
correndo o risco de entortar, trincar e até quebrar.
Por sorte, nos motores com injeção eletrônica isso não chega
a acontecer: o módulo do motor simplesmente corta o fornecimento de
combustível, a ignição ou mesmo as duas coisas, protegendo antes que o pior
aconteça. É o chamado “corte de giro”, que, em geral, acontece no meio da faixa
vermelha do conta-giros.
No Cruze 1.4 Turbo a potência máxima surge a 5.200 rpm, bem antes da faixa vermelha (Divulgação) |
As montadoras também gostam de falar que seus motores foram
projetados para funcionar em regimes ainda mais elevados do que eles alcançam.
Mesmo assim, não é porque o motor nada sofre que você vai
sair por aí esticando marchas até o corte de giros. Não vale a pena: por uma
série de fatores mecânicos, a partir do momento que o motor ultrapassa a
rotação de potência máxima, ele sofre uma forte queda na potência gerada. E
arruína sua média de consumo.
O importante é ler o manual para saber qual a rotação do
torque máximo, a rotação de potência máxima e também o limite de giros do motor
do seu carro. Assim, você não corre o risco de ter uma surpresa desagradável em
uma ultrapassagem, por exemplo. Às vezes, a rotação de potência máxima fica bem
próxima do corte de giro. É o caso do Onix 1.0, que entrega seus 80 cv a
elevados 6.400 rpm e limita o giro a 6.600 rpm.
Um caso extremo era do antigo Honda Civic Si. Seu 2.0 i-VTEC
aspirado entregava os 192 cv a 7.800 rpm, a faixa vermelha começava em 8.000
rpm e o corte da ignição acontecia em 8.400 rpm. A maioria dos conta-giros
sequer passam dos 8.000 rpm…
Civic Si e seu tradicional apetite por giro alto (Marco de Bari) |
No caso dos motores turbinados mais recentes, como o 1.0 TSI
do Up!, a coisa funciona de maneira diferente. Ele atinge sua potência máxima
bem antes, a 5.000 rpm, enquanto a faixa vermelha começa em 6.000 rpm – o corte
de giro ocorre a 6.500 rpm. E como já vimos aqui, andar acima da rotação que
produz a maior potência nunca é um bom negócio.
O ideal para extrair a melhor perfomance de um motor é
mantê-lo dentro da chamada faixa útil, situada entre as rotações de toque
máximo e de potência máxima. Voltando ao exemplo do Up! TSI, seu torque máximo
é atingido a apenas 1.500 rpm. Portanto, sua faixa útil de utilização é entre
1.500 rpm e 5.000 rpm.
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